sexta-feira, junho 08, 2012

Bruce Springsteen em Lisboa e as coisas que ficam para sempre

No passado dia 3 de Junho de 2012 Bruce Springsteen aterrou em Lisboa para dar um excelente concerto integrado no festival "Rock in Rio". Foram "apenas" 2h e 40 min onde 81 mil pessoas lavaram a alma.

Deixo aqui uma pequena crónica do Jornalista Miguel Carvalho do "adevidacomedia.wordpress.com" a qual eu gosto bastante.

http://adevidacomedia.wordpress.com/2012/06/05/bruce-ate-a-eternidade/

As fotos são de várias fontes publicadas na Internet....
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Tinha assistido a um divinal concerto de Bruce Springsteen nos anos 90, em Saragoça, e julgava eu que já tinha visto tudo. A experiência fez-me pensar que haveria sempre um antes e um depois dessa noite memorável em que tinha confirmado, com os meus próprios olhos, que o rock & roll estava vivo. E para as curvas.

Quando me plantei diante do palco do Rock in Rio, em Lisboa, à hora a que o James faziam uma parte da despesa da noite (com brilhantismo, diga-se), comentei que aquelas horas em pé, com o cansaço a moer, seriam devidamente recompensadas pelo Boss. Não era uma questão de fé. Era apenas a convicção de que aquilo que tinha visto, uma boa porrada de anos antes, não tinha sido obra do acaso. O que se passou depois entre a meia-noite e as (quase) três da manhã furou o meu tecto. Bruce Springsteen e a E Street Band ofereceram a Lisboa o melhor concerto que alguma vez me foi dado assistir e acho que não verei mais nada assim nem que fique por cá aos caídos. No final, apeteceu-me beijar os pés e o coração de quem teve o condão de perceber, aí pelo Natal, que eu não poderia perder esta noite.

Nao há nada que eu possa explicar sobre o que vi e ouvi. Não se explica, senhores. Está para lá do chão que pisamos, para lá das nuvens. O que Bruce Springsteen fez, no último domingo, pelas minhas memórias, é terra queimada. Explico: a partir de agora, nada mais nascerá ali porque não pode nascer mais nada. Lembrei-me do meu pai quando quase endoidecia com os ritmos de Dancing in the Dark. Lembrei-me do que era quando The River viu a luz do dia. Arrepiei-me como se ouvisse No Surrender ela primeira vez. A energia que ali brotou não tem paralelo. E acho que o concerto só terminou porque o Bruce achou que era altura de nos irmos deitar. Por ele, ainda lá estavamos. Depois disto, não posso ver o Bruce em mais lugar algum do planeta. Não posso. Nada será igual. Igual, igual, talvez só em Marte. E ainda agora me pergunto como é possível, como, tantos anos depois, tanta evolução musical depois, se «morre» assim em campo, dando tudo. Como se o rock & roll fosse parido aqui e agora, de novo. Amigos: se souberem o que o Bruce toma, ficam desde já a saber que também quero. Enquanto isso, a eternidade já cá canta. E leva o nome dele.
















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